sábado, agosto 13, 2005

O mar que era

fui um imenso mar em ti.

a minha maré era sempre cheia
e não havia lugar para fugir
desse mundo submerso que eramos.

em mim,
as tempestades brotavam por todo o lado,
e nós dançávamos,
sorrindo
profundamente ligados
como se fossemos um.

lembro-me
que nunca percebia
se flutuava
ou me afundava,
pensar nisso era tão supérfluo!
a única coisa que queria
era ser um imenso mar em ti
tudo era tão ridiculamente estúpido
que não percebo,
como possa ter acontecido.

no entanto,
vazo.
e apenas queria que me voltasses a afundar
mas vazo,
e continuo à espera,
secamente à espera
que esta ondulação agora amena
volte a revoltar-se
e as tempestades,
que cresciam por todo o lado
me voltem a fazer voar,
voar para o fundo do mar
ou do céu

custumavas dizer que:
o céu e o mar estavam intrínsecamente ligados.
e eu acreditava
acreditava em tudo o que dizias,
ao teu lado tudo era possível e fazia sentido,
voar fazia sentido!

então eu voava para o céu
ou para o mar,
com as asas que me deste
sem sequer o saberes.
voaria para o fundo
do mar ou do céu,
não interesa!
para o fundo de tudo
para o fundo de mim
no teu corpo,
como se fosse meu também.

dois porquê?
porque temos de seres duas gotas de água?
não podemos ser uma única lágrima?
e dela fazermos esse imenso mar
que tão profundamente fomos,
ao sonhar.

2 Comments:

Blogger vxcvxvc said...

Muito bonito. Belo regresso.

13 agosto, 2005 20:11  
Anonymous Anónimo said...

O Miguel regressou inspirado, não há dúvida...

15 agosto, 2005 14:07  

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