segunda-feira, outubro 24, 2005

A dor que me matou

As luzes da cidade embriagam-me
É noite e tu distante
Na outra margem do rio
Estás sempre na outra margem
No outro lado do mundo
No outro lado do dia,
No outro lado da noite
No outro lado do rio

É noite e tu distante
E esta cidade esconde-te nas sombras
Rodeia-me uma multidão
Mas tu viajas em mim
Viajas comigo... Sempre
E ouço-te dizeres-me:
"De tão imensa já não cabes em mim"
De tão imenso o teu amor alcança-me
Ainda que distante, ainda que proibido
Ainda que secreto ou perverso

Levito na dor, esmago em mim este desejo
Que me mata... Haveria algum caminho?
E se eu atravessasse o rio?...

E estas memórias? E a dor da tua mentira?
E as palavras que escuto demente?
E os anos que passaram?
E a dor? A dor que me mata?
A dor que me transforma?
A dor que me amarra?
A dor que escuto ao lembrar o que queria esquecer?

Porquê? Tanto e tanto tempo para me contares?
Tantos e tantos momentos para me mostrares... Porquê?

Vejo-me... Corro para aquele mosteiro...
As flores... O bilhete escondido nas escadas...
E a foto... A foto que não encaixava em nenhum lugar...
As palavras...
As mentiras...
As mentiras...
E as mentiras?...

E a vontade de correr para os teus braços
E a dor que me mata...
A dor que me matou...

1 Comments:

Blogger Nastenka said...

Querida Ana, não fique preocupada, a única coisa que morre em mim é o meu coração, o resto continua vivo... Pelo menos até um dia...
A sua passagem por aqui irradia sempre uma imensa simpatia! :o)
E obrigada pelos elogios constantes, não sou, de todo, merecedora deles!

24 outubro, 2005 22:52  

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