quarta-feira, julho 06, 2005

Carta para mim

Ao saber da instabilidade inexistente entre nós
tentei fingir não ouvir
para que os teus pés fossem também meus

tentei voar com as asas que me deste em pronunciar
"amor", o mundo é estranho
e o sonho é perseguido pelas mãos que digo minhas

noto agora que ser feliz é apenas um artigo
daqueles que enchem as páginas de jornal
mas que morrem na exigência de serem reais

sinto-me assassino por me matar em cada segundo
em que sinto que a saudade subsiste
no teu corpo que amo e anseio em tocar

sabes bem que sinto, penso, quero
que desejo e respiro também
o sonho em que o mundo acaba em ti

pára em ti o mundo que não tem destino
é apenas uma ambivalência vaga
em que o amor transborda e eu pergunto? porquê??

sei apenas que tudo o que significas me põe fora de mim
como aquilo que nunca fiz nem nunca senti
e apenas faz persistir aquilo que sinto por ti


mas o que és tu para mim amor?
se tudo tem o seu momento
e cada segundo é um prisma que quebra a convenção?


enquanto duras de mim
tento aproveitar cada prisma e cada intensidade
para dizer em vão que nunca haverá um fim

2 Comments:

Blogger Nastenka said...

Quando o nosso coração está inebriado pelo amor é quando damos por nós a escrever os textos mais belos... O amor liga-se à poesia, como o mar se liga ao céu... Há um continuum no horizonte, nunca sabemos onde acaba um e começa o outro...
"Continua rapaz" (como costuma dizer o João Castela Cravo), gosto muito de encontrar aqui a tua poesia...

07 julho, 2005 17:29  
Blogger vxcvxvc said...

Adoro cada palavra deste poema. É como se cada uma delas tvesse vida própria. E a mim faltam-me as palavras com vida para te dizer o quanto a tua poesia me fere (no bom sentido claro, no sentido que me toca profundamente).

17 julho, 2005 02:53  

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