domingo, março 19, 2006

TU

A saudade é uma dor imensa que se fez carne.
E és tu.

da tua ausência

Inverto a névoa que ameaça prolongar-se na tua ausência e sinto que no meu sangue hiberna um grito.

quinta-feira, março 16, 2006

Palavras

A ti

que te amo,
que todas as palavras parecem ser inúteis
que me fazes tropeçar nos degraus,
que me fazes gastar o passado
na obsessão carnal de te ter
que me fazes morder os lábios
e levar as mãos à cabeça
que és um mundo dentro de um grito

Te devo todas estas palavras sem sentido
em que tropeço,
sou incapaz de te escrever!

e talvez tenha tudo para te amar,
tudo,
menos o irrefutável
engenho e arte.

fuga

era noite
e eu tinha pressa de fugir
Para onde?
Nem eu sei bem
Se a força do tempo
Fosse ampla e majestosa
E me sugasse numa corrente
Catatónica de membros e mente
Talvez a noite findasse
O tempo
E aquela fuga precipitada
Não fosse, em si, um erro

segunda-feira, março 13, 2006

sobre a colina II

eu iria contigo
como as aves dispersas
sobre os céus
iria contigo pelos sítios
que negamos
para viver com as mãos
suportadas sobre as tuas

a distinguir a névoa
dos teus lábios
quando se esquecem
de cantar

iria contigo
para além da colina do medo
que dobra o rio
turvo de amanhã

iria contigo
como se não sentisse frio
nem cansaço
nem quaiquer pálpebras pesadas
sobre o rosto amargo
do passado

domingo, março 12, 2006

sobre a colina I

talvez a noite se despira
no desespero dúbio
de sentir a pele quebrar
de madrugada

era intensa e breve
a alvorada daquele dia
a despontar, serena,
sobre o cálice do amanhã

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