fui um imenso mar em ti.
a minha maré era sempre cheia
e não havia lugar para fugir
desse mundo submerso que eramos.
em mim,
as tempestades brotavam por todo o lado,
e nós dançávamos,
sorrindo
profundamente ligados
como se fossemos um.
lembro-me
que nunca percebia
se flutuava
ou me afundava,
pensar nisso era tão supérfluo!
a única coisa que queria
era ser um imenso mar em ti
tudo era tão ridiculamente estúpido
que não percebo,
como possa ter acontecido.
no entanto,
vazo.
e apenas queria que me voltasses a afundar
mas vazo,
e continuo à espera,
secamente à espera
que esta ondulação agora amena
volte a revoltar-se
e as tempestades,
que cresciam por todo o lado
me voltem a fazer voar,
voar para o fundo do mar
ou do céu
custumavas dizer que:
o céu e o mar estavam intrínsecamente ligados.
e eu acreditava
acreditava em tudo o que dizias,
ao teu lado tudo era possível e fazia sentido,
voar fazia sentido!
então eu voava para o céu
ou para o mar,
com as asas que me deste
sem sequer o saberes.
voaria para o fundo
do mar ou do céu,
não interesa!
para o fundo de tudo
para o fundo de mim
no teu corpo,
como se fosse meu também.
dois porquê?
porque temos de seres duas gotas de água?
não podemos ser uma única lágrima?
e dela fazermos esse imenso mar
que tão profundamente fomos,
ao sonhar.