Como o nosso amor findará
Não sei...
Onde andas? Onde descansas? Onde sonhas comigo?
Onde gritas o meu nome?
Onde estão as memórias do meu corpo no teu?
Onde cessar a saudade desta distância imposta pelo pânico?
Encontrei-te à entrada de Setembro
No fim de uma tarde fria...
Avistei-te perto do mar de todos os nossos sonhos
Na mesma rua onde prometeramos o reencontro
Pedi-te:
"Não vás embora!"E pela primeira vez na nossa estória
Cedeste ao meu pedido,
Ficaste...
E lentamente, porque o medo nos bloqueava a vontade,
Sentei-me naquele banco iluminado pelas sombras
E tu olhavas-me distante
Preparavas-te para o assombro inevitável
De lábios e braços e rostos e corpos
E assim que me aproximei da tua porta
Sussurraste-me:
"Não precisas ter medo... Entra!"Setembro foi o mês do nosso encontro adiado por tantos anos
Setembro foi o mês das noites brancas
O fim das noites em que te procurei na cama e não te encontrei
Mas uma semana para te amar foi tão pouco
Tão pouco para tudo o que teria para te dar...
Enlouqueço de saudade e de dor por toda esta distância
Imposta por um mundo cruel e imperfeito
Enlouqueço por te sentir triste,
Porque sou eu que sorvo todas as tuas lágrimas
Sou eu que te embalo nas noite frias,
Quando só te resta o meu cheiro
E as lembranças do meu corpo pálido
Embebido no suor do teu abraço...
«Setembro inventa os contornosDos amantes que se amam em silêncio»